ENTREVISTAS


ENTREVISTA DE LÍVIA BREVES COM SÔNIA MENNA BARRETO – CADERNO ELA - O GLOBO - MAIO/2014

 

Quando começou o seu interesse na arte? Você comentou que a sua formação é como designer. 

 

Desde pequena, embora as crianças sempre se expressem através da arte, com música, pintura, etc.   Na verdade comecei como pintora, que ainda sou, mas o artista contemporâneo tem que se reinventar todos os dias (o mercado pede) e tentar todos os estilos, mídias e possibilidades. O design começou como Arte Aplicada, que está bombando em todo o mundo e também aqui. Hoje já estou desenvolvendo peças em porcelana (sempre baseadas em meus originais em linho) e partindo para o mobiliário. O que me falta é tempo para fazer tudo isso!

 

- Conte um pouco da sua relação com Luiz Portinari. Qual foi o principal conhecimento que você adquiriu com ele? 

 

O Lói, apelido que tinha, sempre terá um lugar especial no meu coração! Ele sabia como respeitar o espaço do aluno, analisando um a um e tratando cada um de forma diferente. Comigo, como viu que eu era super independente, jamais tocou em uma obra minha e dizia que a pintura estava “bem ruinzinha” (kkkk..) e dava a dica de como melhorar. Daí, era comigo! Tinha que me virar!

A série chamada “Livros Objeto”, que estou pintando hoje, tem muito a ver com o método dele para descobrir o aluno, do que ele gostava. Na escola dele de artes, tinha uma mesa muito grande, cheia de fascículos e livros de pintores famosos. Ele pedia para você escolher um pintor e aí você mesmo já dava o caminho para a descoberta. Naquela época tinham obras que eu jamais conseguiria replicar; hoje com os anos passados e técnica, consigo fazer. Nesta série desenvolvo livros cortados no formato, quase esculturas e as obras retratadas são aquelas daquela época, que não conseguia reproduzir!

 

- Como a Família Real Britânica conheceu o seu trabalho?

 

Foi através de um projeto meu chamado “Dueto”.  O CEO da Leonard Cheshire Foundation (na obra retrato a história de um herói nacional da Inglaterra, Sir Leonard Cheshire) da época que era muito amigo do curador da Royal Collection, uma das coleções de arte com maior prestígio no mundo, comentou a meu respeito, sobre a obra, uma coisa levou à outra e por fim depois de um longo processo de seleção, a obra foi aceita na Royal Collection.

 

Você tem um ritual muito específico de pintura. Além de fazer as próprias tintas, ainda passa gesso na tela. Faz isso desde quando? Alguma outra particularidade?

 

Tudo isso faz parte de uma técnica, flamenga. É, no início quase que um trabalho artesanal. Precisa de tempo e paciência, mas este processo tão visceral com a produção, com a própria tela, que é a base de tudo é muito bacana! Uso esta técnica desde que me profissionalizei.

 

- Você faz os quadros originais lentamente e as gravuras e outros objetos para ter uma produção também comercial. E você foi bem além do papel: tem almofadas, pratos... Você gosta de variar as superfície e de ver a sua obra tanto em uma parede, em espaço de destaque em uma galeria ou uma casa, quanto num canto de um sofá? 

 

Aprendi que na arte não se deve ter preconceito. Pessoas que tem os meus originais compram os pratos, gravuras, almofadas, etc. e algumas que começaram com pratos, gravuras, etc. fizeram um upgrade para os originais! Se as barreiras não forem quebradas, o discurso da “arte elitista” se esvazia! Art for all! Mesmo que seja a arte aplicada!

 

- Sua arte é para divertir, você gosta quando acham graça. Me fale um pouco do motivo que te leva a buscar isso nas pessoas

 

Isso foi intuitivo! Está muito na minha obra. Na vida normal não sou tão divertida assim...kkkkk.  O que acho mesmo (aliás cada vez mais) é que o convívio com a arte dá prazer, traz alegria! As feiras de arte aqui e no mundo se transformaram em verdadeiras Disneylands! Nada contra; muito pelo contrário. A maioria das pessoas que estão lá não são compradoras; estão lá para ver, para sorver, para se divertir mesmo!

 

- Que artistas contemporâneos admira?

 

Murakami, Joana Vasconcelos, Adriana Varejão, Sandra Cinto. Mas meu gosto é bem eclético. Gosto de pesquisar, procurar e curtir o que há de bom em cada artista, mesmo o desconhecido.

 

- O que gosta de fazer quando não está pintando?

 

A maior parte da minha vida é vivida no atelier ou em volta do assunto arte. Quando não estou no atelier gosto de fazer as coisas “normais”; restaurantes, teatro, shopping, Oscar Freire.

 

- Me fale um pouco das joias?

 

De desafio em desafio a gente vai evoluindo e melhorando na carreira num todo. Com o design de joias foi assim: uma feliz coincidência porque os proprietários da joalheria (os filhos estão à frente agora) já são admiradores de arte e tinham obras minhas. Recebi o convite, fiquei um bom tempo tentando fazer com que os desenhos tivessem tridimensionalidade (o que é bem difícil para quem não faz escultura) e finalmente, depois de um bom tempo, consegui desenvolver algo usando o conceito de mini esculturas confeccionadas com matérias nobres, ou ...JOIAS!!! Como gosto de pesquisar e contar histórias, criar coleções temáticas e personagens, como Maria Antonieta, foi muito gratificante!

 

- Por que você gosta tanto da Maria Antonieta? O que precisa para virar um personagem da sua obra?

 

Há personalidades icônicas na história da humanidade e ela com certeza é uma! Para mim ela foi, na época da Revolução Francesa, o que é Madona hoje. Tem muita coisa que remete à ela: na moda com as perucas e sapatos, na culinária com os macarrons e embora fosse uma rainha austríaca, está diretamente ligada à França. Hoje estou pensando em retratar algo bem brasileiro: Maria (outra Maria) Bonita e Lampião. Há história por trás destes personagens e isto me encanta!

 

- Você está em Moscou participando da "A Arte Brasileira Invade Moscou"? Onde estão as suas obras aí? Que obras levou?

 

Este foi um projeto muito bacana, idealizado por Gilson de Andrade de Freitas (LBR - ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA, patrocinadora da maior parcela do projeto), um advogado apaixonado por arte! Na Rússia existe o que eles chamam de “Semana do Museu” e a abertura da exposição foi no sábado, penúltimo dia desta semana que marca o início da primavera. Todas as galerias e museus fazem ações e exposições importantes neste período e o número de pessoas que comparece é fabuloso! A exposição está em uma galeria estatal (muitas lá são) Na Kashirke e ficará até o final do mês. Estou com 6 obras lá.

 

- Além de quadros, pratos, joias, já fez mais que objetos?

 

Bom, para variar, tenho à frente mais projetos e mais novidades. Objetos de design (já a caminho) inspirados nas minhas obras que são flat, (os originais em linho) e linha de mobiliário, que ainda está no papel. Acredito que os objetos já participarão da Design Weekend, importante evento do segundo semestre aqui em São Paulo. Entretanto, estou pronta para outros desafios!! Quem sabe o que ainda está por vir? O importante é me encantar por algo que me faça trabalhar, com entusiasmo, por mais de 10 horas ao dia.

 

- O que é a "técnica mista" que você menciona?

 

Até um tempo atrás só tinha os originais em linho e as giclées, que são reproduções assinadas e numeradas fiéis das obras, em papel ou tela. Senti que havia um gap grande entre elas e que o novo comprador de arte estava ficando sofisticado a ponto de querer algo com o toque pessoal do artista (a pintura) com um preço mais acessível do que o original em linho. Lembrando do que fazia nos USA quando tinha representação lá, criei a minha técnica mista. Para cada imagem já realizada (o original em linho) crio 15 versões, cada uma pensada particularmente, depois pintada na novas áreas, criando assim um novo original. Cada uma tem um novo nome e são assinadas e não numeradas, por serem peças únicas.

 

- Vi no Facebook que você fez bordados. É para futuros trabalhos ou ainda é um experimento?

 

Isso foi engraçado.... O bordado não é bordado de verdade, com tecido e linha, mas sim a pintura de um bordado!!! Ri muito com a surpresa das pessoas perguntando se estou também bordando agora, o que não é má ideia. Vi agora em Moscou na Galeria Tretyakov, uma obra da década de 20, toda em tecido bordado! Me encantei com a contemporaneidade da peça!  

 

- Me conte algumas galerias, pessoas e projetos que tem obras suas?

 

Aprendi na época que trabalhava com uma galeria em NY (assinei um contrato que me impedia de divulgar!) a não mencionar quem tem obras minhas. Nem todos gostam.

Tenho uma obra na Royal Collection da Família Real Britânica, o que é o máximo! A cerimônia de entrega da obra na sala principal do Palácio de Buckingham foi surreal!

Fiz, também, uma obra para comemorar os 60 anos do UNICEF aqui no Brasil, o que me deixou muito feliz. Trabalho com algumas galerias aqui em SP, mas nenhuma com exclusividade.

 

- Você já expôs aqui no Rio?

 

Ainda não! Gostaria muito.

 

- Qual a próxima exposição?

 

Depois de Moscou, na área de arte não há nada programado. O início do segundo semestre será dedicado ao design, com as feiras importantes, a Design Weekend e tudo o que gira em torno disso.

 


 

 

ENTREVISTA À FERNANDO FIGUEIREDO – JUNHO/2010

 

1)Sônia, acompanho a tua carreira já há alguns anos e algo sempre me intrigou, os teus quadros na grande maioria parecem como cenas perdidas no tempo, como uma lembrança do passado que se movimenta. O que os temas representam para você? Como você os escolhe?

- Mas não é o que se fala sobre os mundos paralelos? O que aconteceu há séculos atrás, pode, num mundo paralelo, estar acontecendo agora com o acréscimo das informações novas de hoje... um mundo meio, Alice in Wonderland, que sempre ADOREI!!!
Por isso que se vê em minhas obras, por exemplo, personagens holandeses (informações do passado) que dialogam numa mesma cena com cartas de baralho, máquinas "caça níqueis", etc...
De onde vem as ideías??? Cada artista é impactado pelo que ouve e mais pelo que vê (como no meu caso) de forma diversa... Eu sei que a frase é antiga, mas é válida : " Só Freud explica"!! Existe um mecanismo no meu cérebro de artista que escolhe as imagens que vão me impactar. O resto eu deixo acontecer, sem me preocupar muito (a princípio) com o porque.

2) E a figura do Mezzetino? Ela é recorrente nas tuas telas, ele tem algum significado ou seria talvez um mestre de cerimônias que está para nos apresentar cada cena?

- Esta figura chegou até o meu universo pictórico através de meios tortuosos. A Commédia Dell'Arte sempre me encantou e na época que estava fazendo a pesquisa da série "Veneza", descobri este personagem que além de Mezzetino, tem também outros nomes, como Arlequino, Pulcinella, etc... Ele realmente encarna um pouco do meu espirito criativo, pois na Commédia Dell"Arte o seu papel é de um enganador brincalhão, que cria confusões super engraçadas. Nas minhas obras, o humor está sempre presente e a brincadeira do trompe l'oeil cria a parte de "confundir" aquele que olha.


3) Conte um pouco do teu trabalho direcionado ao mundo coorporativo. Você pintou algumas telas em que o tema era uma grande empresa, como é a criação desse trabalho direcionado?

- Tudo começou com a primeira encomenda, chama-se commissioned art nos USA, com um superintendente americano que estava em uma empresa brasileira na época. Aprendi muito com ele.
Depois de alguns anos e muitas empresas importantes, criei um conceito bem simples: fazer no máximo 2 projetos corporativos num ano (ele é extremamente estressante e consome muito do meu tempo em pesquisa, além de me "consumir" mentalmente também) e ter antes de mais nada um briefing da empresa. A partir daí, vejo se é possível, datas, etc...
O que me entusiasma muito são os dossiês que faço, explicando (por causa da simbologia que uso nas obras) cada imagem correspondente a cada fato, a cada idéia que eu queria passar.
A empresa que se aproxima de um artista, ganha em sofisticação algo que só a arte pode dar, além de ver a sua imagem se perpetuar numa obra de arte.
Se os seus internautas se interessarem, no meu site existem alguns exemplos de projetos corporativos em WWW.mennabarreto.com.br (Projetos / Projeto Dueto)

4) Quais são os artistas que você se referencia ou que admira?

- Bem abrangente esta pergunta... Vamos ao mais óbvio: Salvador Dalí, Magritte, Paul Delvaux. E aos nem tanto (embora a história da "lembrança do passado" explique melhor) como Vermeer, Hopper, Veláquez, para citar alguns.

5) Recentemente você lançou uma série de técnicas mistas, o que significa isso, o que é este trabalho?
(Nesta queria que você falasse que cada tela é diferente em uma das outras, para que o leitor tenha a noção de que as intervenções são únicas)

- Na verdade esta é uma idéia antiga da época que comecei a trabalhar nos Estados Unidos. Percebi que havia um hiato entre os meus originais em linho e as peças seriadas e que muitas pessoas gostariam de ter uma obra original e não queriam ao mesmo tempo algo automático como uma obra seriada.
Achava que estava no caminho certo (desenvolvendo as técnicas mistas) mas mesmo assim consultei donos de galeria e críticos de arte para formar um conceito final. Partiu de sugestão deles o número (15) e o fato de cada uma ter um nome e não ser numerada.
Explico melhor: são 15 obras para cada imagem, ou fundo, sendo que para o comércio são 14, pois ficarei com uma de cada e como cada uma tem uma imagem diferente, um "momento" diferente, isto a torna uma obra original e não haveria sentido em numerá-las!
A técnica é mista, como o nome diz, porque uso diferentes linguagens numa só obra. Na verdade comecei a desenvolver esta idéia há mais ou menos uns dois anos atrás e ela vem evoluindo. Mais para frente pretendo acrescentar algo novo, como colagem, por exemplo.
Por hora, uso o fundo digital (de uma obra minha já feita) e ACRESCENTO imagens pintadas à óleo, na mesma técnica e com as mesma tintas, diluentes, glacis... que uso nos meus originais em linho. O fantástico desta tela especial que uso, é que ela aceita perfeitamente tanto tinta acrílica, como à óleo. Frisei a palavra acrescento, pois as pessoas confundem esta minha técnica com o "embellished" ou "enhanced" que é uma técnica americana onde o artista pinta em cima do que já está impresso. Eu crio novas imagens, novas situações.
Também se houver interesse, as pessoas poderão ver melhor no meu site em WWW.mennabarreto.com.br (Obras / Técnica Mista). Não dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras?

6) Você tem através dos anos investido em licenciamento de produtos e entrando em ramos diversos, sempre procurando o top de cada linha, recentemente você lançou uma coleção de jóias, pode nos falar um pouco de como foi desenhar essa coleção?

- Tenho me empenhado em fazer o que a Sabina Libman nomeou tão bem, como "arte aplicada". O universo de pessoas sofisticadas que querem ter peças especiais assinadas por artistas em suas casas é grande e crescente. Começamos com os cristais, porcelanas e agora estou desenvolvendo os protótipos para peças de mobiliário, o que está sendo uma verdadeira viagem!! Aliás, não dá para criar nada se não for com alegria e paixão!

A primeira coleção de jóias foi ao mesmo tempo um grande desafio (não totalmente dominado) para alguém que milita há anos no mundo bidimensional. Só a partir do momento que visualizei a jóia como uma pequena e delicada escultura feita com material nobre, é que consegui desenvolver o trabalho. Este ano lançarei uma nova coleção na Corsage, que me convidou e acredita que eu sou uma artista que pode ir além da obra flat.


7) Para encerrar, Em que você está trabalhando agora?

- Muiiiita coisa! As vezes penso que estava me sentindo meio aprisionada e agora que me soltei, não consigo mais parar!
Vamos lá: estou desenvolvendo uma obra para o Unicef (fui convidada para retratar os 60 anos dela no Brasil); vou tematizar (inteirinha) uma suíte do hotel Sheraton; estou preparando (para o ano que vem) uma exposição em pequeno formato, com obras inéditas, tanto na imagem como no formato, incluindo uma instalação ou cenário, como prefiro chamar; vou fazer em setembro uma exposição de técnicas mistas em Brasília na Caixa; além de uma outra série de pequeno (realmente pequeno) formato em forma de cartas de baralho e caixas de fósforos em óleo sobre linho.
Além do desenvolvimento de mobiliário, conforme escrevi acima. Ah! A palavra escultura também entrou para o meu universo.
Acho que é tudo....por enquanto!

Eu acredito na divulgação global do artista e portanto apesar de não ter nada a ver com a coleção de jóias ou dos produtos licenciados, acho que vale a pena mostrar tudo o que o artista tem porque mostra o quão sério o artista é. Um grande problema que existe no mercado de arte, acredito eu que um dos grandes motivos da volatilidade da valorização os artistas, é a não continuidade, um artista que pinta uma série boa de telas e para ou não divulga o seu trabalho, por isso o mercado tem dificuldade de aceitar novos artistas ou acreditar que alguém chegou para ficar. A Sônia está consolidada no mercado e as Jóias, produtos e mesmo o restaurante que está para sair são fortalecedoras da Marca Sônia Menna Barreto e como um todo fortalecem a pintura porque mostram que não é um golpe de sorte ou um talento sem direcionamento, portanto não tenho nenhum problema que fale nesses assuntos livremente.

 


 

 

ENTREVISTA À REVISTA CORSAGE - 2009

 

Sônia é um prazer ter você aqui conosco, uma artista consagrada com o seu nível, para nós é motivo de muito orgulho. Mas conta prá gente um pouquinho do seu trabalho e como está sendo pra você desenvolver uma coleção de jóias?

 

- O prazer é realmente meu, principalmente pela postura e visão da Corsage, que apostou na capacidade que uma artista plástica pode ter em se desdobrar, sair do seu “universo pictórico” e agregar valor ao mundo da joalheria. 

Para mim foi tudo muito automático, além de ser apaixonada por jóias, o convite para desenvolver a coleção chegou num momento muito pessoal de busca por novas mídias, por novos desafios. Há um tempo venho “treinando” o meu pensamento para um olhar mais tridimensional e para mim a jóia nada mais é do que uma escultura feita com materiais nobres.

 

A gente percebe nas suas obras o uso de cores intensas, qual é a relação da Sônia com as cores e como você pretende retratá-las nas jóias da coleção que você assina?

 

- Eu costumo separar a Sônia Menna Barreto pintora, da Sônia pessoa. O que acabei de dizer pode até parecer algo que careça de uma terapia intensiva, mas antes do ser artista, eu já existia como pessoa!
Uso muitas cores na minha obra, cores vibrantes trabalhadas para chamar a atenção do foco que tenho em mente, mas nas roupas e nas jóias, sou uma pessoa absolutamente básica, clean. O preto, desde sempre (não estou seguindo a moda de agora) é a minha cor!
Nas jóias, amo as pérolas nobres, o ouro negro, o ônix, os diamantes...
Uma das coleções desenvolvida, por exemplo, se chamará Branco e Preto e é toda confeccionada com diamantes, ônix e cristal. Outra terá como tema a Prosperidade, porque faz parte de um momento muito especial meu, além de ser o anseio de todos nós: uma vida mais próspera em felicidade, realizações, prosperidade financeira, etc.

 

É diferente o processo de criação de um quadro, do processo de criação de uma coleção de jóias? Em que especificamente?

 

- Sim e não. O meu processo criativo sempre passa pelo estudo, pela pesquisa, neste aspecto não há diferença.
Por outro lado, o processo da criação, o pensamento para uma tela é flat, bidimensional, enquanto a jóia é, conforme disse anteriormente, tridimensional, escultórica.

 

Quais foram as suas inspirações e principalmente quais foram os desafios para esse projeto?

 

- Como deixar de mencionar a obra de Vermeer “Moça com brinco de pérola”, que se faz presente em uma das minhas coleções? Ou ainda a moça atrás do bar da obra “O bar do Folies-Bergère” de Manet?

Os desafios são os de sempre quando as situações são novas. O desafio de inovar, de acertar e de ser aceito. 


Você gostou de fazer? Por quê?

 

- Adorei! Novos desafios, novos horizontes dão um gosto especial à vida.

Existe uma cobrança muito cruel, e quando nos aventuramos em caminhos novos, existe um perigo real, um custo a pagar se a empreitada não der certo.

Em compensação (não há bônus sem ônus!) quando se aposta e o sucesso vem, a realização tem um gosto de vitória incomparável!

 

Quando vai acontecer o lançamento da coleção?

Será no dia 27 de Outubro de 2009, na loja do shopping Iguatemi a partir das 19h30min. E estão todos os leitores convidados a participar do lançamento.
Como você acredita que o público que já aprecia o seu trabalho irá receber essa novidade?
Já comecei, desde o nosso primeiro encontro, a fazer uma pesquisa entre o meu “eleitorado” e as respostas foram muito positivas, além da curiosidade de todos com quem falei em saber como o meu universo pictórico será transportado para as jóias.

Convido a todos, os que já gostam e apreciam o meu trabalho, e os que conhecerão a Sônia Menna Barreto designer de jóias para este lançamento no Shopping Iguatemi.

 

Sônia desejamos a você o mesmo sucesso que tem como artista plástica, nesse novo desafio da sua carreira, e estaremos aguardando ansiosamente o lançamento dessa coleção by CORSAGE com exclusividade no final do mês de Outubro de 2010.

 

- Da minha parte, por tudo que disse acima, agradeço pela confiança e por a marca Corsage dar valor à Arte e aquela que a executa.

 


 

ENTREVISTA À LINHAS & LAUDAS – 15/09/2009


Quando você percebeu que tinha dom para as artes plásticas?


- Na verdade essa percepção veio de alguém de fora (uma professora), pois eu era muito pequena e, para mim, o que eu fazia era muito normal.

Como você definiria o seu estilo?


- Sei que as pessoas ficam incomodadas e precisam de um rótulo para se sentirem mais seguras. Já que é assim, gosto muito da idéia de atrelar o meu trabalho ao realismo fantástico dos escritores latinos.

De onde surgiu a sua vertente para o surrealismo?


- Desde muito pequena, me encantava com as entrevistas dadas por Salvador Dalí, com toda aquela mis en scène peculiar dele! Só mais tarde, já na escola dirigida por Luiz Portinari é que percebi o porquê daquela atração.

E a escolha pela pintura a óleo?


- Tentei usar outras mídias e na verdade hoje faço alguma coisa em acrílico, mas só em peças grandes, de fibra, como as esculturas de arte de rua,como o coração do Big Heart Parade e da vaca da Cow Parade, que farei agora, neste segundo semestre.
Nada se compara ao óleo que se adapta perfeitamente ao meu estilo e a minha eterna busca pela perfeição. Com o óleo posso desenhar com o pincel, que é o que mais gosto de fazer.

No seu site, vi que é você que prepara a tela e as tintas das suas obras. Como é esse processo? Por que decidiu fazer essa preparação?


- Esta é basicamente uma questão técnica. Toda esta parte que eu chamo de artesanal, faz parte da técnica flamenga que uso.

De que forma iniciou sua carreira no exterior?


- Na época, o meu agente perguntou se eu gostaria de abrir um mercado nos USA, eu disse que sim, e ele conseguiu um contrato com uma galeria em NY.

Como se sentiu ao ter uma obra escolhida para integrar a Royal Collection?


- A princípio foi muito difícil acreditar. Este foi realmente um acontecimento genuinamente surrealista. Afinal, quantos brasileiros já tiveram uma cerimônia na sala principal do Palácio de Buckingham só para ela? Nem preciso mencionar o orgulho, é claro!!! Esta é uma das mais importantes coleções de arte da Europa.

Como é o processo de criação? O que te inspira atualmente?


- Começa quase sempre com um objeto (as vezes um briefing) que chama a minha atenção. Depois com uma idéia mais ou menos formatada no virtual, parto para a pesquisa, depois o desenho, a simbologia (porque gosto de levar quem vê a obra por um caminho de descobertas não tão explícitas), a maquete (bastante improvisada, diga-se de passagem) e finalmente as cores.

Vi a notícia do lançamento de uma edição especial de bombons que leva a sua assinatura. Você tem outros projetos como esse? Como é levar a sua arte para outras bases?


- Ultimamente venho ansiando por novas mídias, novos caminhos. Os bombons da Pati Piva fazem parte do segmento que tenho desenvolvido bem, que é o do licenciamento. Também estou com a Venitian Collection. São pratos de coleção, xícaras e taças especiais para degustação. O lançamento desta linha será no início do mês que vem, e é algo que não para, pois há ainda muito o que fazer. Também fui convidada para criar uma coleção de jóias para a Corsage. O lançamento será no final de Outubro, na loja do Shopping Iguatemi.

Estou achando tudo muito divertido (apesar do excesso de trabalho) e ainda no segmento arte, da pintura em si, também estou preparando uma exposição (estou muito entusiasmada com ela) de telas objeto. Seria um caminho natural, quase que uma preparação minha pessoal para a escultura!

Quais são seus próximos projetos profissionais?


- Muita coisa: livro infantil, exposições, escultura...


Qual a importância dos direitos autorais do artista plástico e como avalia o trabalho da AUTVIS

- Ainda hoje algumas pessoas acreditam que ao comprar uma obra de arte adquirem automáticamente o direito da imagem. As Artes Plásticas e tudo que envolve este mundo ainda está engatinhando aqui no Brasil. Por que a maioria das pessoas sabe que a obra de um escritor ou de um músico tem direitos autorais? Já respondendo, na minha concepção, isto é fruto de muita divulgação e de sindicatos atuantes. Quanto mais se falar no assunto, mais as pessoas ficarão informadas e mais darão valôr à criação intelectual dentro da arte. Por tudo que disse acima, acredito que o trabalho da AUTVIS é importantíssimo. Além de ser uma organização séria, cuida e zela para que o direito intelectual do artista seja preservado e respeitado. Posso estar enganada, mas acredito que ela seja uma das primeiras no Brasil, a ter um enfoque direcionado para as Artes Plásticas.



 

 

ENTREVISTA À OSCAR D'AMBRÓSIO 21/04/2005


1) Influências que você julga essenciais para a sua carreira.


- O artista é tocado por tudo que vê. Desde cedo ainda criança começamos a nos envolver com a arte de uma maneira lúdica e intuitiva. Hoje, no meu trabalho, a brincadeira e a alegria infantil são as influências remanescentes desta época, mostrando a minha personalidade, onde a realidade se mistura ao sonho e à fantasia.
A personalidade artística, tão importante e que caracteriza a obra e o reconhecimento de um artista, foi sendo forjada intuitivamente aos poucos, e por uma questão de identidade ( surrealista ) posso citar De Chirico, Magritte, Max Ernst e naturalmente, o maior surrealista de todos os tempos : Salvador Dalí. Indo mais além e retrocedendo no tempo mas nunca esquecendo que embora às vezes eu me utilize de elementos e temas do passado, a minha obra reflete o presente, posso citar também artistas que com eu retratavam a sua época, como Jan Vermeer, Frans Hals, Bruegel, Canaletto, etc ...


2) Como foi o seu início nas artes plásticas?


- A arte entrou em minha vida da maneira mais prosaica e lugar comum. Através dos livros de história, dos cadernos para colorir, da música , do teatro infantil ...Este envolvimento na infância é quase imperceptível, mas infalível e só alguns escolhem esta trilha por uma questão de talento ou de uma grande sensibilidade.
Tive a sorte de também quando muito pequena ( 8 ou 9 anos ) ter despertado a atenção de uma professora que orientou meus pais para que procurassem uma escola de arte. A partir daí, embora a consciência de que esta seria a minha profissão tenha vindo bem mais tarde, a arte ficou sempre ao meu lado em quase todas as fases da minha vida, mantendo acesa a chama da “criança” e da magia das cores em mim. Através de Luis Portinari ( irmão de Cândido Portinari ) já na faixa dos 20 anos, pude descobrir a minha identidade artística e tive a coragem ( ela é muito necessária nesta atividade ) de partir para o mundo profissional. Fiz a minha primeira exposição individual em 1989 e não parei até hoje !


3) Você vive só de sua atividade artística ou tem outra profissão ou atividade?


- Considero-me uma das privilegiadas nesta profissão por conseguir viver exclusivamente do meu trabalho.


4) Alguém descobriu você para a arte ou ajudou a desenvolver o seu trabalho?


- Tive a ajuda de muitas pessoas ao longo do tempo. Desde aquela professora da escola primária até as pessoas maravilhosas de hoje, que embora empresários atarefados com a sua própria atividade, encontram na arte e no estímulo à arte um oásis de prazer e realização. È o caso da amiga Amália Sina que está, como conselheira, me ajudando a levar a minha arte a buscar um novo horizonte, muito mais profissional e portanto realizador.


5) Como você define e caracteriza o seu trabalho?


- Não só, mas também como surrealista. O surrealismo tem como principais características trabalhar o subconsciente e valorizar a espontaneidade plástica. Levando a imaginação além dos limites, mostra a importância do inconsciente na criatividade do ser humano.
Identifico-me também com o Realismo Fantástico de Gabriel Garcia Marques, de Mario Vargas Llosa, de Borges. Principalmente porque a obra deles vem carregada de humor, que é quase uma constante nos meus quadros.


6) Quais são os seus planos para os próximos anos?


- O meu livro, a exposição individual, desenvolver mais o Projeto Dueto, que é um trabalho voltado às empresas que querem ver a sua história “contada” através de imagem, a continuidade e o crescimento na área de licenciamento como os puzzles da Stave Puzzles – mais importante e sofisticada empresa de quebra-cabeças do mundo, a exposição itinerante pelo Brasil ... Estes são itens de todo um posicionamento que tenho estruturado para este e os próximos anos. È muito trabalho, mas sempre traz muita realização e prazer.


7) Qual é a sua formação religiosa? É importante para a sua obra?


- O artista é tocado por tudo que vê, vivencia e sente. A sua obra é ele e todas as informações e experiências que teve na vida. A minha família é católica. Eu não sigo a religião, mas sim certos preceitos
( que estão presentes não só na religião católica como também em tantas outras ) como fazer o bem, ajudar o próximo, ter compaixão, etc.


8) Você tem alguma temática preferida? Qual? Por quê?


- As idéias vão surgindo a partir de acontecimentos do dia a dia. Dos objetos que uso para o trompe l’oeil como as costas das molduras e livros antigos, surgiram respectivamente a fase sobre Veneza /
Commedia Dell’Arte e minha mais recente fase sobre livros de arte. Mas para que o ofício da pintura seja mais dinâmico e interessante, quadros com temáticas diferentes.


9) Há etapas definidas em sua carreira? Quais são?


- Levando-se em conta os temas, sim. No aspecto pictórico e o que chamo de personalista, quando se define o estilo do pintor, só houve uma mudança mas antes mesmo de iniciar a carreira profissionalmente.
Naquela época, eu fazia um surrealismo muito mais agressivo. Com o tempo, a agressividade deu lugar ao humor, também presente nos trabalhos dos grandes surrealistas, com Marcel Duchamp.